Quem nos subscreve

Jorge Mourinha (jornal Público): Esta insistência cívica de um grupo de pessoas que vêem algo de errado na política cultural da televisão e acham que vale a pena continuar a pugnar pelo seu objectivo explica muito bem que é este o público-alvo da RTP-2 que o canal teima em não servir como deve ser: atento, activo, interessado, fiel. Jorge Campos: o óbvio dispensa o comentário. Eduardo Paulo Rodriguês Ferreira: É um Canal do Estado. O Estado somos nós. Portanto nós exigimos uma programação. E mais, é caso para dizer: Eu pago para ver! João Mário Grilo (em entrevista ao JN): Foi na televisão que aprendi a ver cinema, com programas como "as noites de cinema". A televisão tem um papel muito importante num país onde os cinemas não estão a abrir, mas a fechar. É um direito das pessoas e um dever da televisão. Manuel Mozos (em entrevista): Há actualmente alguma programação de Cinema da RTP2? Inês de Medeiros (em entrevista ao JN): A uma petição que diz 'gostaríamos de mais' não se pode responder com contratos de concessão e tabelas mínimas. Concordo com mais cinema e penso que é importante terem atenção ao pedido, o que não quer dizer que a RTP2 não passe cinema. Paulo Ferrero (em entrevista): QUE HAJA CINEMA, do Mudo ao Digital. Vasco Baptista Marques (em entrevista): diria que a programação de cinema do segundo canal do Estado se destaca, sobretudo, pela sua inexistência. Alice Vieira (em entrevista ao JN): Para mim, cinema é no cinema, mas temos de pensar nas pessoas que estão longe do cinema por várias razões. E muitas vezes vejo-me a ir ao canal Memória para ver filmes e que aguentariam perfeitamente na Dois. A RTP2 deveria insistir mais no cinema e aí estaria a cumprir o seu papel. João Paulo Costa (em entrevista): Adoraria assistir ao regresso de uma rubrica do género "Cinco Noites, Cinco Filmes" que, há uns anos, me fez descobrir realizadores como Bergman ou Truffaut e crescer enquanto apreciador de cinema. Miguel Barata Pereira: Aprendi muito do que sei de cinema a ver a saudosa rubrica "5 noites, 5 filmes". João Milagre (em entrevista): é preciso aprender a amar. JORGE MANUEL DOS SANTOS PEREIRA MARQUÊS: Só neste paraíso político à beira-mar plantado é que se tem de pedir e justificar o óbvio,o justo,os direitos e o razoável... Eduardo Condorcet (em entrevista): Numa altura de crise é difícil compreender que a RTP2 não cumpra a sua função de serviço público, nomeadamente no que toca à produção audiovisual. LUIS PEDRO ROLIM RIBEIRO: JÁ ERA SEM TEMPO Fernando Cabral Martins (em entrevista): [A programação de cinema da RTP2] parece-me errática e é raro dar por ela. António Manuel Valente Lopes Vieira: A televisão é o cinema daqueles que não podem ir ao cinema. Que o cinema volte à televisão. Daniel Sampaio (em entrevista): A programação [de cinema da RTP2] caracteriza-se pela escassez e por não ter uma linha editorial, referente à escolha de filmes. Não se percebem os critérios de escolha. Maria Armanda Fernandes de Carvalho: e que o cinema mostrado seja do mundo e não só o chamado cinema comercial ou dos chamados autores consagrados. Deana Assunção Barroqueiro Pires Ribeiro: Cinema de qualidade é inprescindível em televisão José Perfeito Lopes: Como director do Cine Clube de Viseu, nos anos 73 a 77, vejo com mágoa o que estes senhoritos fizeram ao "canal 2". Manuel António Castro de Sousa Nogueira: Há muito e bom cinema à espera de ser exibido na RTP2, assim queiram os seus responsáveis que este canal seja efectivamente uma alternativa real à pobreza franciscana da programação dos restantes canais generalistas portugueses (incluindo, infelizmente, a RTP1). Marta Sofia Ribeiro de Morais Nunes: Como cresci a poder ter acesso ao melhor do cinema através da RTP2, quero continuar a poder crescer com ele. Maria do Carmo Mendes Carrapato Rosado Fernandes: As pessoas estão a "desaprender" de ver cinema, e isso não é bom...que regressem os ciclos de cinema, que regressem os bons filmes nos anos 30/40/50 do seculo passado, que regresse o cinema americano, japonês, europeu, que regres, se faz favor. Obrigada. Amadeu José Teixeira da Costa: Foi na RTP2 que vi cinema como nunca mais vi na minha vida. TODOS ESTES E OUTROS COMENTÁRIOS DOS NOSSOS SIGNATÁRIOS AQUI

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cláudia Varejão também concorda

Cláudia Varejão é uma das mais promissoras realizadoras nacionais. Apesar de uma ainda curta obra, já conta com duas curtas, Fim-de-semana e Dia Frio (e uma curta documental - Falta-me - menção honrosa no Doc de 2005), duas obras que já lhe permitiram concorrer a festivais tão aclamados como Locarno e Roterdão, tendo vencido a competição do CineMed, do festival de Lille e ganho o prémio do Júri no Mediterranean Short Film Festival com a sua última obra. A senhora Varejão é a nossa 1348º assinante.

Tiago Guedes assina petição

Tiago Guedes tem tornado a sua parceria com Frederico Serra e o seu irmão Rodrigo Guedes de Carvalho uma das mais interessantes do cinema português. "Coisa Ruim", "Entre os Dedos" e a recente mini-série "Noite Sangrenta" (ante-estreada ontem no Motelx, festival de terror de Lisboa) são alguns dos projectos de realização de Tiago Guedes. É com grande prazer que noticiamos aqui a sua subscrição (número 1415).

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ivo Canelas apoia a nossa causa

Popular e talentoso actor do cinema, teatro e televisão nacionais, Ivo Canelas é o nosso subscritor número 1390. Agradecemos o seu apoio.

Catarina Portas assina petição

Jornalista premiada, que, para além das várias publicações para as quais trabalhou, foi um dos rostos do programa "Onda Curta" da RTP2 ainda na sua fase embrionária, Catarina Portas é hoje uma das mais respeitadas empresárias portuguesas, tendo-se dedicado desde 2004 a revitalizar - ora que verbo tão apropriado para este espaço... - o comércio tradicional português, nomeadamente, com a cadeia Quiosque de Refresco. Hoje assinou a nossa petição (subscrição n.º 1388).

O que a RTP2 podia mostrar: Zurlini

Portugal deverá ser um dos poucos países do mundo a ter no seu mercado de DVD parte substancial da obra do realizador italiano Valerio Zurlini. E quem é Zurlini? Um dos realizadores italianos posteriores à escola do neo-realismo que foi categoricamente ignorado ou mesmo maltratado pela crítica - espantem-se com as escassas estrelitas que um filmaço como "Estate Violenta" leva nos Cahiers du Cinéma, pelos grandes nomes da Nouvelle Vague!

Zurlini foi também incompreendido em Itália, por ser um desalinhado das novas tendências de um cinema nacional dividido, grosso modo, entre o incondicionalismo a um Antonioni versus o incondicionalismo a um Fellini. De qualquer modo, hoje, à distância - é sempre bom ganhá-la sobre tudo o que parece, ou é de facto, "desalinhado" no presente -, a sua obra ganha uma vitalidade como poucas. "A Rapariga da Mala" já é mais do que um filme de culto; é uma crónica franca, como poucas, do devir sexual/existencial de um adolescente e do objecto que o obceca - a linda de morrer Claudia Cardinale. O já citado "Estate Violenta" - anterior - cola-se a este, numa espécie de double bill perfeito, pelo sensualismo das imagens, do corpo feminino contra o masculino - o fervor do desejo com alguma história, e História, em pano de fundo...

Duas obras-primas que não estão sós na sua filmografia - que eu próprio ainda estou a descobrir, com a paciência impaciente de quem deixa para o fim a sobremesa. "Outono Escaldante", com de novo uma mulher divinalmente bela (Sonia Petrovna) e o mais cool dos actores (Alain Delon), é um poema triste sobre a dialéctica do desejo e da morte. Maravilhoso pedaço de cinema, para ouvir e absorver fotograma a fotograma, que carece de maior promoção. Promovê-lo mais seria, a meu ver, um serviço ao cinema, um serviço ao país e aos famintos cinéfilos portugueses em formação.

Ponho o "auteur escondido" Valerio Zurlini a dialogar consigo mesmo aqui:


Excerto de "Estate Violenta" (1959)


Excerto de "La prima notte di quiete"/"Outono Escaldante" (1972)

Luís Mendonça

Going the distance

É só isto que estamos a tentar fazer. Ajudem-nos!

Rui Morisson assina petição

Grande actor do teatro e do cinema português, habitué em obras de Fernando Lopes e João Botelho, Rui Morrison apoia a nossa causa (subsrição número 1284).

Jacinto Lucas Pires assina petição

Escritor distinguido, traduzido em vários línguas, na área da ficção e dramaturgia, também realizador de duas curtas-metragens e autor de argumentos para filmes de Fernando Vendrell e Pedro Caldas e ainda escritor de letras e cantor da banda Os Quais, Jacinto Lucas Pires é o nosso subscritor número 1337. Começamos a sufocar, na nossa terrena medíocridade, com tanto talento nacional a apoiar-nos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Luís Urbano apoia a nossa causa

Luís Urbano, o homem forte da produtora independente O Som e a Fúria, que está por trás de uma nova geração de cineastas promissores, onde se destaca Miguel Gomes, assina a nossa petição (subscrição n.º 1298). Obrigado pelo apoio.

Jorge Silva Melo assina petição

Na Wikipedia - sim, estou a citar a maldita enciclopédia do povão... - lê-se: "cineasta, actor, encenador, dramaturgo, tradutor, ensaísta, crítico de teatro e cinema e cronista português". Silva Melo é tudo isto e mais uma coisa: um dos grandes intelectuais deste país. A sua subscrição, número 1299, deixa-nos orgulhosos.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Comentários dos signatários (IV)

Muitos outros comentários mereceriam o nosso destaque neste nosso espaço. Sintetizamos o sentimento geral em duas palavras: “saudade” (ainda) e “urgência”. A par disso, registamos com prazer as seguintes opiniões:

Manuel António Castro de Sousa Nogueira: Há muito e bom cinema à espera de ser exibido na RTP2, assim queiram os seus responsáveis que este canal seja efectivamente uma alternativa real à pobreza franciscana da programação dos restantes canais generalistas portugueses (incluindo, infelizmente, a RTP1).

J. M: Brandão de Brito: Seria bom podermos voltar a ter o cineclube da 2 e as semanas temáticas que se lhe sucederam.

Maria Teresa Mendes da Silva: Cresci a ver cinema na RTP2 e não imagino que pessoa seria eu sem isso! Por favor! É uma missão da televisão pública!

José Perfeito Lopes: Como director do Cine Clube de Viseu, nos anos 73 a 77, vejo com mágoa o que estes senhoritos fizeram ao "canal 2".

António José Matos Silva: Cinema na televisão, sim. Assunto urgente.

LUIS PEDRO ROLIM RIBEIRO: JÁ ERA SEM TEMPO

Caros cidadãos, estamos perto das 1300 assinaturas. Dirão que é bom, em pouco mais de 20 dias, mas não é suficiente para termos o impacto pretendido – todos saberão como é difícil mudar, ou fazer a nossa sociedade civil ser OUVIDA, neste nosso país. Força nessas canetas! (E não se esqueçam: confirmem assinatura nos vossos mails!)

Contrato de Concessão de Serviço Público (I)

Tinha-me comprometido junto do grupo-redactor a esmiuçar o Contrato de Concessão de Serviço Público de Televisão. Tinha-me comprometido, mas não o vou fazer. Por quê? Porque, como diz um dos nossos subscritores, só neste país é que é preciso fundamentar o óbvio. O que é celebrado neste contrato não está a ser minimamente cumprido pelo segundo canal, o que é tão evidente que me vou escusar de fazer quaisquer comentários.

Por respeito à inteligência do leitor, limitar-me-ei a recortar as partes que dizem mais directamente respeito ao conteúdo da nossa petição. Leiam e digam-nos se o que nós estamos a reclamar é ou não é tão-somente o que está previsto na lei, a Fundamental, a da Televisão e, no caso, a que vincula contratualmente a RTP2 ao Estado português. (ATENÇÃO: todos os sublinhados, a bold, são nossos.)

Cláusula 6.ª
Objectivos do serviço público

Para além da sua vinculação aos fins da actividade de televisão a que se refere o artigo 9.º da Lei da Televisão, a Concessionária tem como objectivos específicos:

(...)

b) Promover, com a sua programação, o acesso ao conhecimento e a aquisição de saberes, assim como o fortalecimento do sentido crítico do público;
c) Combater a uniformização da oferta televisiva, através de programação efectivamente diversificada, alternativa, criativa e não determinada por objectivos comerciais;

(...)

Cláusula 7.ª
Obrigações específicas da Concessionária

1. Para além do cumprimento das obrigações dos operadores de televisão, e de acordo com os princípios referidos na cláusula 5.ª, a Concessionária deve apresentar uma programação que promova a formação cultural e cívica dos telespectadores, garantindo o acesso de todos à informação, à educação e ao entretenimento.

2. À Concessionária incumbe, designadamente:

(...)

b) Promover o acesso do público às manifestações culturais portuguesas e garantir a sua cobertura informativa adequada;

(...)

Cláusula 10.ª
Segundo serviço de programas generalista de âmbito nacional

1. O segundo serviço de programas generalista de âmbito nacional compreende uma programação de forte componente cultural e formativa, devendo valorizar a educação, a ciência, a investigação, as artes, a inovação, a acção social, a divulgação de causas humanitárias, o desporto amador e o desporto escolar, as confissões religiosas, a produção independente de obras criativas, o cinema português, o ambiente, a defesa do consumidor e o experimentalismo audiovisual.

(...)

13. Tendo em conta o disposto nos números 1, 2 e 5 e nas alíneas b), d), c), g), h) e i) do n.º 2 da Cláusula 7.ª, o segundo serviço de programas generalista de âmbito nacional deve incluir, no mínimo:

(...)

c) Espaços regulares de divulgação de obras cinematográficas de longa-metragem do moderno cinema português, o que inclui produções dos vinte anos anteriores à transmissão;
d) Espaços regulares dedicados à cinefilia, com uma forte componente pedagógica, que contextualizem as obras difundidas na história do cinema;
e) Espaços regulares dedicados ao cinema europeu e a cinematografias menos representadas no circuito comercial de exibição;
f) Espaços regulares dedicados a curtas-metragens e ao cinema de animação;

(continua)

Luís Mendonça

Nuno Costa Santos defende a nossa causa "urgente"

Escritor das Produções Fictícias, autor de várias obras humorísticas, exemplo de "Melancómico - Aforismos de Pastelaria", ex - colaborador do programa "5 para a Meia-Noite" do segundo canal e actualmente com o programa Melancómico no Canal Q, Nuno Costa Santos é o subscritor número 1270, aquele que, em comentário, deixa um incisivo: "É urgente". Também achamos...

Vera Mantero também assina


VERA MANTERO assinou hoje com extremo interesse a nossa petição. A Vera dispensa qualquer tipo de apresentação na cena da dança contemporânea nacional e internacional. É com enorme orgulho que recebemos o apoio desta talentosa performer para quem o cinema representa também importante fonte de inspiração.

António Ferreira também quer mais e melhor cinema na RTP2

É com enorme orgulho que a nossa petição pelo regresso das exibições regulares de cinema à RTP2 regista o apoio de um dos mais talentosos realizadores nacionais, António Ferreira .
 Nascido em 1970 em Coimbra, António decide, depois de uma breve passagem pela programação informática, estudar cinema. Passou pela Escola Superior de Teatro e Cinema  em Lisboa e a Academia de Cinema de Berlim. Estreou-se na realização com a curta “Respirar (debaixo de Água)” em 2000 com o qual venceu o galardão de melhor realizador no Festival de Vila do Conde. Dois anos depois viria a repetir o sucesso, desta feita com a inteligente comédia “Esquece tudo o que te disse”. Para além de vários outros projectos com a  sua produtora Persona Non Grata Pictures com sede em Coimbra, António Ferreira estreia na próxima sexta “Embargo”, uma comédia a partir da adaptação de um conto homónimo de José Saramago.
Um obrigado pelo seu apoio.

José Luís Peixoto deixa o seu nome na nossa petição

José Luís Peixoto ganhou maior notoriedade desde que recebeu, em 2001, o Prémio Literário José Saramago pelo seu romance "Nenhum Olhar". A sua escrita desdobra-se entre a prosa, a poesia, a dramaturgia e a escrita para música. Hoje deixou o seu nome na nossa petição (subscritor n.º 1257).

Pedro Mexia assina petição

Escritor, crítico, comentador político, ex-sub-director e director interino da Cinemateca Portuguesa e... blogger conhecido, Pedro Mexia é o nosso assinante número 1258.

Carlos Pinto Coelho assina petição

Conhecido e reconhecido comunicador, a cara do magazine cultural da antiga RTP2 Acontece (1994-2003), Carlos Pinto Coelho é o mais recente subscritor da nossa petição (número 1253). Uma honra.

domingo, 26 de setembro de 2010

Mário Jorge Torres assina petição!

Mário Jorge Torres, crítico de cinema do Público e Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, assinou a petição. O docente de História do Cinema, Literatura e Cinema, Análise Fílmica e Literatura Norte-Americana e um dos maiores especialistas nacionais em cinema clássico norte-americano é o subscritor número 1192.

Somos notícia no jornal Público de hoje

Na página nove do jornal Público de hoje, a jornalista Paula Torres de Carvalho assina a notícia intitulada "Quase dois mil pedem mais cinema na RTP2". Passamos a transcrevê-la de seguida.

(clique para ampliar)


Quase dois mil pedem mais cinema na RTP2


Paula Torres de Carvalho


Querem chamar a atenção para a necessidade do regresso da programação regular de cinema à RTP2. Os cinéfilos Luís Mendonça e Miguel Domingues resolveram criar uma petição que circula na Internet desde o início do mês e que conta com quase duas mil assinaturas, entre as quais as da actriz Inês de Medeiros, as dos realizadores João Mário Grilo e Lauro António, a do engenheiro de som Vasco Pimentel, a do professor universitário Manuel Villaverde Cabral e a da escritora Alice Vieira.
Dirigida ao ministro dos Assuntos Parlamentares e aos responsáveis daquele canal televisivo, o texto da petição é um manifesto de defesa da exibição cinematográfica. "Ao longo dos anos, tem-se assistido a um progressivo desinvestimento da estação na programação cinematográfica", o que se verifica "não apenas na pequena quantidade de obras exibidas como na repetição regular dos filmes mostrados", refere o texto.
Bénard da Costa, o divulgador de cinema e director da Cinemateca Portuguesa, falecido em Maio, é recordado por quem promove a petição: "Infelizmente, longe vão os tempos em que João Bénard da Costa introduzia clássicos do cinema ou Inês de Medeiros entrevistava diversas figuras em Filme da Minha Vida."
"Hoje, o segundo canal da estação de televisão pública não fornece quaisquer instrumentos para que o público seja levado a reflectir e a descodificar os objectos mostrados", dizem, denunciando um contexto de "desresponsabilização" que não oferece aos espectadores "oportunidades suficientes de visionamento de filmes" nem lhes prestam "quaisquer ferramentas de aproveitamento dos poucos filmes que ainda vão sendo exibidos". Uma situação considerada grave porque a RTP2 não oferece a "alternativa criteriosa" face aos outros canais. Contactado, Jorge Wemans, director do canal, não quis c omentar as críticas feitas. com B.W.

José Mattoso assina petição

Enfim, isto agora já devia ser assim: quem quererá não assinar uma petição onde consta um nome como o do Professor Doutor José Mattoso na sua lista de signatários (subscritor n.º 1209)? Um dos maiores historiadores nacionais - foi ele que dirigiu os oito volumes da História de Portugal (1993-1995) -, José Mattoso eleva a fasquia desta causa a um nível, perdoe-me a direcção de programas da RTP2, praticamente inatacável.

O que a RTP2 podia mostrar: Rivette

Jacques Rivette é, talvez, o cineasta mais secreto da Nouvelle Vague. No entanto foi um dos seus mais geniais pensadores e cineastas. Como crítico, ajudou a construir a política dos autores, escrevendo duas das maiores cartas de amor cinéfilo e crítico a cineastas, a "Carta sobre Rossellini" e "O Génio de Howard Hawks".

Como cineasta, explorou a relação do Cinema com o tempo, propondo que, para hoje contar uma história, seriam precisos muito mais minutos e película. Ele ilustra esta proposta a cada novo filme, quase qualquer filme seu ultrapassa as duas horas. "Out 1", filme de 1971, dava para preencher um "Cinco Noites, Cinco Filmes", inteiro.

Outra característica cativante do cinema de Jacques Rivette é a sua relação com os actores e com as suas personagens, que herdou do seu cineasta favorito, Howard Hawks. De "Céline et Julie vont en Bateau" a Ne Touchez pas la Hache", os filmes de Rivette transmitem todo o amor que o realizador tem pelos seus personagens e pelos seus actores, a um nível de cumplicidade máximo e de um compromisso enorme ao trabalho, ao filme e à sua rodagem. Ver um filme de Rivette é ver, também, a sua rodagem e foi ele que disse isto, não fui eu...



João Palhares

Pedro Teixeira Neves assina petição

Escritor de várias obras, entre elas, "O Sorriso de Mona Lisa", jornalista de inúmeras publicações e colaborador do programa Câmara Clara da RTP2 e ainda autor do blogue "a qualidade do silêncio", Pedro Teixeira Neves é o nosso subscritor número 1204. Obrigado pelo apoio.

sábado, 25 de setembro de 2010

O que a RTP2 podia mostrar: Ozu e Costa

Como perceber que Pedro Costa seja um fenómeno por todo o mundo, em especial, na Ásia, mais concretamente, no Japão; ainda mais concretamente, junto de cineastas como Nobuhiro Suwa ("M/other"), que, na sua passagem por Portugal, sublinhou que Costa - isto antes da sua exposição na Tate Modern ou da edição de alguns dos seus filmes pela Criterion Collection - era "matéria obrigatória" em qualquer faculdade de cinema quer no Japão, quer noutras partes do mundo - como no Canadá -; como perceber que Pedro Costa seja recebido no Japão como um herói em ano dedicado à celebração do cinema do mestre nipónico Yasujiro Ozu; como perceber isto tudo sem se fazer o contraponto entre a "Trilogia das Fontaínhas" (da Vanda) e a "Trilogia de Noriko" que Ozu realizou entre 1949 e 1953? Por um lado, "Banshun"/"Late Spring", "Tokyo Monogatari"/"Tokyo Story" (1953) e "Bakushû"/"Early Summer" (1951); por outro, "Ossos" (1997), "No Quarto da Vanda" (2000) e "Juventude em Marcha" (2006). Monumentos ao Cinema, monumentos à altura do Homem.

Não estou com isto a dizer que a obra de Pedro Costa não tenha uma força única, que dispensa qualquer legendagem contextualizadora; estou apenas a dizer que se aprecia a sua obra de outra forma tendo presente a genealogia escondida do seu cinema, que nos remete ao cinema do mestre japonês e de tantos outros grandes cineastas (a crítica fala ainda de Chaplin, Rossellini, Ford, Rouch, entre outros nomes fortes da história do cinema). Seria interessante mostrar ao povo português o trabalho que o seu maior cineasta anda a fazer no coração do Cinema, essa pátria que é de todos e que devia ser para todos.

O plano do vaso em "Late Spring" de Yasujiro Ozu, exemplo possível do chamado "pillow shot" (plano almofada), que pode ser definido, nas palavras Mark Cousins (Biografia do Filme), como todas as imagens de filmes de Ozu, "que nada têm a ver com a acção e funcionam como pausas para o espectador reflectir"


Luís Mendonça

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Eduardo Cintra Torres escreve sobre a nossa petição

O nosso subscritor Eduardo Cintra Torres publica, hoje, no seu espaço Olho Vivo do jornal Público um artigo intitulado "O obscurantismo iluminado da RTP2" (página 12 do suplemento P2). A nossa petição é o motivo central.

Poderão lê-lo aqui, caso tenham acesso ao Público online, ou então neste post, onde o transcrevemos ipsis verbis.


Assinei com simpatia, mas sem esperança, uma petição pelo regresso da exibição regular de cinema à RTP2, subscrita por mais de mil cidadãos, que lembra o papel passado do canal do Estado na aprendizagem pelas novas gerações da linguagem cinematográfica, quando havia selecção criteriosa de filmes, entrevistas, debates ou apresentações por especialistas.
Os jorvens autores da petição não puderam conhecer o Museu de Cinema, com António Lopes Ribeiro, nos anos 60-70. Num programa simples e eficaz, o realizador apresentava ao estilo da época, narrava e comentava um filme mudo, enquanto o pianista António Melo acompanhava ao vivo, como nas salas de cinema antes do sonoro. Foi com Lopes Ribeiro que vi obras fundamentais. Recordo os cómicos (Chaplin, Max Linder, Buster Keaton, Harold Lloyd), epopeias (The Big Parade de King Vidor) e outras obras-primas (Greed de von Stroheim, The Wind, de Sjostrom),
Apesar de uma sessão mensal de filmes mudos no ARTE, o cinema mudo é hoje, para os programadores, uma aberração, por ser a TV um media sonoro e palavroso. Os audiovisuais desabituaram-nos do silêncio. Seria preciso pessoas cultas e corajosas num canal público para programar clássicos mudos, mas nem precisamos de ir por aí. A RTP2 também escorraçou os clássicos sonoros.Deve ter sido há uns vinte anos que passou ciclos de realizadores como Lubitsch ou Cukor, alimentando a literacia cinematográfica do espectador.
Hoje, como refere a petição, a RTP2 não cumpe a Lei da Televisão nesta matéria, passa filmes sem sentido e repete os poucos que passa. A petição poderia mencionar que o cinema contemporâneo português, em especial o cinema independente e documental, entrou em 2009 em ruptura com a direcção da RTP2 e a RTP em geral.
Os "critérios" das direcções da RTP2 e RTP1 são comerciais e financeiros. Procuram obter o máximo de audiência com o mínimo de serviço público. Os filmes na RTP2 são o rebotalho de pacotes comprados às grandes companhias americanas com milhões dos nossos euros. Para mostrar na RTP1 o Homem Aranha ou Harry Potter, a RTP tem de lhes comprar muito lixo, que atira para as madrugadas e para a RTP2. Acresce que o maior investimento da RTP2 vai para coisas como o Câmara Clara, caríssimo para o pouco que é, um palco para a subdirectora do canal.
Outras áreas da RTP2 revelam incapacidade estrutural de programar um serviço público. Em vez de documentários, apresenta enlatados de entretém de animais e seus tratadores e repete-os uma meia dúzia de vezes no horário nobre. Apresenta séries americanas banais. Exagera na quantidade de programas infantis estrangeiros (oito a 10 horas por dia), desvirtuando o perfil generalista que a lei define.O noticiário das 22h00 está domesticado. Etc. Isto não vai lá com petições.

Inês de Medeiros assina petição

A deputada da República pelo PS Inês de Medeiros assina petição. O seu nome está indelevelmente associado à história recente do cinema português, quer enquanto actriz principal nos primeiros magníficos filmes de Pedro Costa ("O Sangue" e "Casa de Lava") quer como realizadora de "O Fato Completo ou À Procura de Alberto". Esta subscrição tem ainda um valor acrescido: é que era Inês de Medeiros a entrevistadora de "Filme da Minha Vida", espaço da RTP2 onde várias personalidades públicas tiveram oportunidade de explicar e mostrar ao país as obras da Sétima Arte que mais as marcaram.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eduardo Cintra Torres apoia a nossa causa

Professor e crítico de televisão e publicidade no jornal Público e Jornal de Negócios, Eduardo Cintra Torres é um dos mais recentes subscritores da nossa petição (número 1067). Obrigado pelo apoio.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Catarina Alves Costa assina petição

Catarina Alves Costa, a antropóloga cineasta ou a cineasta antropóloga, tem-se demarcado na área do cinema documental, destacando-se a obra  "Siza Vieira: O Arquitecto e a Cidade Velha", editada recentemente pela Midas Filmes. É a nossa subscritora número 1058. Obrigado pelo apoio.

O que a RTP2 podia mostrar: Shaw Bros

Em conjunto com o meu tasco, dou como exemplo de um ciclo que a RTP2 podia organizar uma séria de filmes saídos desse enorme forno que era os estúdios Shaw Bros. Deixo para o artigo explicações sobre o que era e o que fazia o estúdio, lembrando apenas que foram estes filmes que levaram Quentin Tarantino a fazer Kill Bill (2004/2005). Dado que o cartão de visita já está impresso na mente de muitos, deixo aqui cinco filmes míticos que a 2 podia mostrar. De caminho, com estes exemplos de cinema xunga, se calhar contribuiria também para pôr de lado a ideia de elitismo que, de certo modo, está associada ao canal.

E os filmes seriam:

Come Drink with me (King Hu, 1965)
The one-armed swordsman (Chang Cheh, 1967)
A Touch of Zen (King Hu, 1969)
Vengeance (Chang Cheh, 1970)
The 36th Chamber of Shaolin (Chia-Liang Liu, 1978)

Ok, pedir isto é como pedir 1 euro, ver o pedido recusado e logo a seguir pedir 1000. Se nem o mais canónico cinema tem grande repercussão na RTP2, quais são, realisticamente, as hipóteses de vermos um ciclo destes? Mas sonhar não custa. Conseguido o primeiro objectivo, os restantes viriam quando a necessidade de inovar se impusesse. Quanto mais não seja, deixem-nos sonhar.

Miguel Domingues

Ultrapassámos a meta das 1000 assinaturas!

Pois é, a sociedade civil está, de facto, mobilizada para que o cinema volte a ter um tratamento digno no segundo canal. Obrigado a todos. Agora vamos festejar, pondo quem ainda não assinou a assinar!

Eduardo Condorcet apoia a nossa causa


Eduardo Condorcet (1972) é mais um nome de peso a subscrever a nossa petição. 
Tendo começado a sua carreira como actor e músico na Comuna, licenciou-se depois em Ciências das Comunicação, especialização cinema na Universidade Nova de Lisboa. Depois de várias curtas metragens e peças encenadas, Eduardo rumou a Berlim onde realizou  "Diagnosis" e "Flaschendrehen". Esta última venceu o prémio de melhor argumento para curta metragem no festival Arcos no Chile. Em 2001 terminou o mestrado em artes na Northern School of Film and Television com uma tese dedicada à narrativa interactiva.
Nos últimos anos leccionou Argumento para Cinema, Televisão e Media Interactivos, Teoria da Produção e Realização e  Direcção de Actores na Universidade Católica, escrita criativa na Universidade Autónoma e Narrativa e Novos Media na Escola Superior de Teatro e Cinema. De momento encontra-se a tirar doutoramento em Arquitectura e Imagem em Movimento na Universidade de Cambridge. Um obrigado pelo seu apoio.

Fernando Guerreiro assina petição

Fernando Guerreiro (1950), prestigiado professor do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras de Lisboa, poeta e ensaísta acaba de nos dar o seu apoio . Tendo começado por leccionar Literatura Francesa tem vindo nos últimos anos a dedicar-se à História do Cinema no âmbito do curso Artes do Espectáculo. É com enorme prazer que acolhemos a sua subscrição (858).

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Paulo Trancoso assina petição

Conhecido produtor de obras como "La reine Margot " de Patrice Chéreau e, mais recentemente, "Duas Mulheres" de João Mário Grilo, Paulo Trancoso é, para além disso, uma das figuras centrais da distribuição e edição de filmes, sendo ele o sócio-gerente da Costa do Castelo Filmes. A sua subscrição (n.º 851) vem dar ainda maior transversalidade a esta iniciativa. Obrigado.

Raquel Freire subscreve petição

Artista multifacetada conhecida pelo seu trabalho na realização de "Rasganço" e, mais recentemente, de "Veneno Cura", Raquel Freire é a assinante número 857. Para mim - Luís Mendonça - esta subscrição afigura-se ainda mais apropriada: não me esqueço que uma das coisas mais interessantes a que assisti nos últimos tempos em que a RTP2 tinha, de facto, uma programação de cinema foi a sua introdução à obra-prima "Alexandre Nevski" de Sergei M. Eisenstein*. Descobrir na montagem das atracções e na música de Prokofiev que a acompanhava o princípio da estética do videoclipe despertou-me a atenção para o facto de estar no ADN do cinema um diálogo dinâmico com outras expressões "mediáticas".

*- Já agora, tenho o filme e a introdução gravados em VHS, mas gostaria muito que alguém, caso tenha, pusesse a introdução no YouTube.

Nilza Sena assina petição

Os holofotes mediáticos só apontaram mais recentemente para ela, mas já há muito que desenvolvera trabalho significativo na docência e no estudo da televisão, da cultura e do marketing político. Doutorou-se no domínio dos estudos da televisão no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, faculdade onde já leccionava as cadeiras de História e Projecção da Cultura Portuguesa e Técnicas dos Meios Audiovisuais. Os holofotes mediáticos viram-se para ela quando é nomeada por Passos Coelho Vice-Presidente do PSD. No dia 21 de Julho escreveu um artigo no Público em defesa da cultura em Portugal, onde se podia ler: "Cultura não pode ser uma entidade abstracta de elites, pensada para um nicho populacional e desagregada do interesse transversal de toda a população". Frase que parece recortada da nossa petição.

O que a RTP2 podia mostrar: Powell & Pressburger

Esta é, sem dúvida alguma, a mais importante e criativa parelha de cineastas que a curta história do cinema teve (esqueçam os Dardenne's e os Coen's), um inglês, o outro Húngaro, ambos revitalizaram, nos anos 30, o cinema britânico, à época em estado de decadência, acabando por ter nos anos 40 e 50 algumas das obras artísticas mais extraordinárias de sempre.
Com One of our Aircraft is Missing e The battle of the river Plate eles criaram um género cinematográfico, que fico conhecido como stiff-upper-lip war films, feitas em plena guerra e cheios de restrições técnicas e de financimanto, nomeadamente na questão da película; durante a guerra a película colorida era muito escassa (por isso só a parte final do Ivan de Eisenstein é colorida) o que fez com que estes filmes fossem filmados a preto e branco, assim como I Know where I'm Going, filme que ficou para a história como aquele que Scorsese escolheu para engatar a sua futura mulher, Isabella Rossellini. Mas mais que isso, é uma das visões mais românticas e elegantes (e tecnicamente mais prodigiosas) da Escócia e de toda a sua mitologia.
Também a Matter of Life and Death foi perturbado pelas questões da película, sendo por isso uma mistura belíssima de texturas (as cenas de terra a cores, as aéreas não).
Claro que falar desta dupla é falar de Red Shoes, um dos mais belos e encantatórios (e encantados) filmes de sempre, resultado de uma pureza avassaladora (que rima por vezes com New York, New York do dito Scrosese que tem nessa Obra Prima o seu filme preferido, foi mesmo Scorsese e Coppola os responsáveis pela redescoberta, nos anos 60, desta parelha, que tinha ficado meio esquecida até então).
Mas não esqueçamos Black Narcissus (com a tradução berrante: Por quem os sinas dobram) e The Life and Death of Colonel Blimp.

[Deixo só uma achega: pensar que Powell foi capaz de fazer Red Shoes e anos mais tarde Peeping Tom]




Ricardo Vieira Lisboa

Anabela Teixeira assina petição

Actriz muito conhecida do grande público - sobretudo os seus olhos... -, com inúmeras participações na televisão e teatro nacionais, Anabela Teixeira é também uma actriz com vasto currículo no cinema, tendo trabalhado com realizadores nacionais e internacionais de renome como Patrice Chéreau, Billie August, Raoul Ruiz e João César Monteiro. Mais um grande valor que se junta à lista de signatários (subscrição n.º 771).

domingo, 19 de setembro de 2010

O que a RTP2 podia mostrar: Mendoza

Esteve cá, graças à equipa do IndieLisboa, e mostrou toda a sua obra. Tive oportunidade de ver a maioria dos filmes e tenho-os como um sinal muito significativo da vitalidade do cinema filipino da actualidade. É que Mendoza não está só. Raya Martin e Lav Diaz são dois outros nomes muito falados, sobretudo, no circuito restrito dos festivais e que se têm agigantado nos últimos tempos.

Mendoza, o nome que recomendo aqui, surge neste contexto como o realizador mais implantado mediaticamente falando, tendo já ganho o prémio de melhor realização em Cannes pelo brutal "Kinatay" e recebido os louvores da crítica por "Lola" - também seleccionado em Veneza e filme que estreia em breve nas nossas salas - e "Serbis" - lançado em DVD no nosso país.

Ver a sua obra é mergulhar num país longínquo, culturalmente ecléctico - resultado das ocupações espanhola, norte-americana e asiática - e, logo, de uma riqueza humana e plástica sui generis. "Foster Child", um filme menos conhecido do realizador, foi o que mais me comoveu, apesar de "Kinatay" ser, de facto, a sua obra mais arrojada, conto de horror ultra-realista com uma atmosfera visual e sonora magistrais.

Uma RTP2 ciente das novas tendências do cinema internacional poderia fazer-nos embarcar nesta viagem às Filipinas, via Mendoza ou/e via qualquer um dos seus aclamados conterrâneos.

Excertos de "Kinatay" (2009) de Brillante Mendoza

Luís Mendonça

Manuel Villaverde Cabral assina petição

Manuel Villaverde Cabral tem um currículo como poucos em Portugal. Historiador, sociólogo, Professor em grandes faculdades nacionais e internacionais, vice-reitor da Universidade de Lisboa entre 1998 e 2002 e colaborador de vários jornais e revistas de reflexão política e cultural, Villaverde Cabral é um dos grandes nomes que subscrevem a nossa petição (n.º 707). Uma honra maior.

Fernando Vendrell assina petição

Realizador/produtor português com vasto currículo, onde se destaca as obras "Fintar o Destino" e o mais recente "Pele" (que, curiosamente, passa no próximo sábado na RTP2 em mais uma completamente disparatada sessão dupla...), Fernando Vendrell é o subscritor número 672. Obrigado.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Comentários dos signatários (III)

Os nossos subscritores continuam a deixar mensagens muito significativas, que estão em total sintonia com o sentimento que originou esta petição.

Destacamos, de seguida, algumas dessas reflexões.

Marta Sofia Ribeiro de Morais Nunes: Como cresci a poder ter acesso ao melhor do cinema através da RTP2, quero continuar a poder crescer com ele.

Victor José Preto Paulo: Só a Televisão Pública pode disponibilizar os Grandes Filmes de todas as épocas a quem vive longe de Lisboa e da Cinemateca Nacional.

Miguel Barata Pereira: Aprendi muito do que sei de cinema a ver a saudosa rubrica "5 noites, 5 filmes".

Miguel Bettencourt dos Reis: Parafraseando um filósofo famoso, o que é bom para a colmeia também é bom para a abelha. Que esta petição não caia no esquecimento. Contam com o meu apoio.

Muitos assinantes têm manifestado "saudades" - esse é o termo mais utilizado! - dos tempos de "5 Noites, 5 Filmes" e sublinham a importância que esta rubrica teve na sua formação cinéfila.

Jorge Leitão Ramos apoia a nossa causa

Crítico de cinema histórico do jornal Expresso e autor da monumental obra Dicionário de Cinema Português, Jorge Leitão Ramos subscreve a nossa petição. Agradecemos o apoio.

Vasco Baptista Marques assina petição

O crítico de cinema do Expresso é o nosso subscritor número 611. Quando estávamos à procura na Net de informações biográficas, deparámo-nos com um post num blog dedicado à eleição dos melhores programas da televisão nacional. A lista de Vasco Baptista Marques revela-se útil aqui pelo destaque dado a "5 Noites, 5 Filmes": "Porque antes do segundo canal do Estado ter sido entregue à «Sociedade Civil» (criatura de gosto duvidoso de quem muito se fala e que nunca tive o prazer de conhecer) ainda se conseguiam enxertar uns ciclos Eric Rohmer e François Truffaut nas grelhas da RTP. Agora a sério: foi uma pequena e inestimável escola de cinema para muito boa gente da minha geração". Certeiro.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pedro Eiras assina petição


Professor de Literatura Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e autor de obras ensaísticas e dramatúrgicas premiadas, Pedro Eiras é um dos assinantes da nossa petição (n.º 557). Agradecemos o apoio.

O que a RTP2 podia mostrar: Erice

Já mereceu uma retrospectiva na Cinemateca e marcou presença no último Festival do Estoril, que também, oportunamente, lhe deu espaço para mostrar e falar da sua obra. Disse obra e muito bem, apesar do espanhol Víctor Erice - é dele que aqui falo - só ter realizado três longas-metragens em quase 50 anos de carreira. Bastava a primeira para ficarmos conversados quanto à relevância deste cineasta, que trabalha cada plano, cada som, cada sussurro como se fosse o último.

É um universo estético único que nasce com "El espíritu de la colmena" (1973), um dos segredos mais bem guardados do cinema internacional; um Frankenstein sob o efeito da (des)encantada realidade espanhola e os fantasmas da guerra civil. Um filme que respira cinema por todos os poros; tratado sobre a magia dos silêncios, da paisagem, dos rostos..., dos olhos inefáveis da pequenina Ana Torrent, que voltaria a ser filmada em "El sur" (1983).

Em "El sol del membrillo" (1992), o cineasta espanhol desafia os limites do documentário ou da ficção e mostra-nos o labor de um pintor, Antonio López Garcia. Mas a respiração das imagens é a mesma: o tempo é o grande encantamento do seu cinema. E dele nascem algumas das imagens (interiores e exteriores) mais belas de todo o cinema. Estou certo que qualquer membro da direcção de programas da RTP2 concordaria comigo.

Excerto de "El espíritu de la colmena" (1973) de Víctor Erice

Luís Mendonça

Cláudia Arsénio assina petição

Jornalista cultural da TSF, Cláudia Arsénio é um dos nossos mais recentes subcritores (n.º 505). Esperemos que dê voz a esta iniciativa.

António Loja Neves assina petição


Realizador, actor, jornalista e programador, António Loja Neves é o nosso subscritor número 447. Agradecemos o apoio.

Teresa Garcia junta-se à causa

Formada na ESTC, Teresa Garcia começou a sua carreira no mundo cinema enquanto assistente de realização de nomes como João César Monteiro e Manoel de Oliveira. Em 2001, realizou a sua primeira longa-metragem, "A Dupla Viagem". Deste aí, já realizou mais dois filmes. Agora a cineasta junta-se a nós nesta causa (n.º 466). Obrigado.

José Nascimento subscreve petição

Esta imagem foi extraída de "Tarde Demais", um dos maiores filmes portugueses da primeira década do século XXI. A sua realização ficou a cargo do talentoso José Nascimento, que, agora, subscreve a nossa petição (n.º 521). É, pessoalmente, uma grande vitória para nós.

Gonçalo Waddington assina petição

Gonçalo Waddington é um dos actores mais conhecidos da sua geração. Para além de ter participado em várias séries e telenovelas, Waddington conta com participações de relevo em obras do cinema nacional, como "Alice" e "Entre os Dedos". A sua subscrição (número 530) muito nos orgulha.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Jorge Mourinha assina petição

O crítico de cinema do jornal Público Jorge Mourinha assina a nossa petição (subscritor n.º 387). Obrigado.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O que a RTP2 podia mostrar: Lewis

Não me lembro de alguma vez ter visto um filme de Jerry Lewis programado na RTP2, mas num ciclo dedicado ao burlesco, era autor essencial a ser exibido, ao lado de Charlie Chaplin e Buster Keaton.

Pois é o burlesco que ele evoca nos filmes de Frank Tashlin (que seria outra boa sugestão, já agora), em que participa como actor, e é o burlesco que revoluciona, nos anos 60, quando decide escrever, realizar e interpretar os seus filmes,  ao questionar as capacidades que o (seu) corpo tem, ou não tem, em se adaptar ao espaço que o rodeia. É nesta premissa e suas variações que a comédia de Lewis se baseia.

Assim, qualquer random Lewis dos anos 60, é peça essencial da comédia e do burlesco norte-americanos. Dele e de Tati são os mais sofisticados e inventivos gags visuais dos anos 50 e 60. Como este:



João Palhares

O que a RTP2 podia mostrar: os novos novos indies

Não queremos uma RTP2 voltada totalmente para o passado. Queríamos até uma RTP2 atenta às tendências do presente e, até, do futuro. Veja-se o caso paradigmático da nova geração de cineastas norte-americanos, que, com pouquíssimos meios, está-se a afirmar como uma das mais promissoras "novas vagas" do cinema contemporâneo. Falo de nomes como, entre outros, os irmãos Safdie, Antonio Campos, Kelly Reichardt, Ryan Fleck, Ramin Bahrani, Lance Hammer e Courtney Hunt. Deverá o leitor conhecer poucos ou nenhuns destes nomes e a responsabilidade é, inteirinha, das senhoras distribuidoras/editoras e das senhoras televisões - vão-nos valendo algumas exibições ou edições em DVD da responsabilidade de quem acredita que é na diferença que está o ganho.

A.O. Scott, crítico do New York Times, chama-lhe um neo-neo-realismo. Eu, pessoalmente, vejo esta geração como uma reacção de uma certa classe de cineastas, muito distante dos estúdios e de onde pára o "big money" de Hollywood, ao alheamento do mainstream relativamente aos problemas da gente real da América pós-11 de Setembro. É uma geração de cineastas, muitos deles professores e pensadores do cinema, que vem reclamar a grande herança do New American Cinema, deixada esquecida até mais pelos americanos que pelos europeus. Falo de nomes como Cassavetes, Robert Frank, Shirley Clarke, Morris Engel e Ruth Orkin e os irmãos Maysles, entre outros.

Se é "neo-neo", não sei, mas esta América sem o ruído visual do 3D, a cosmética do CGI e com (apenas!) pessoas lá dentro é, no mínimo, promissora. O serviço público de televisão podia, neste departamento, adiantar passo em relação às distribuidoras e dar a descobrir este novo cinema - cheio de bom "velho cinema".


Trailer do fabuloso - por distribuir/editar em Portugal - "Ballast" (2008) de Lance Hammer


Luís Mendonça

Luís Nogueira assina a petição


Luís Carlos da Costa Nogueira, director do curso de Cinema da Universidade da Beira Interior, assinou a petição (subscrição nº 358). Parte do corpo docente e estudantil do mesmo curso já o fez, também. Assim, estudantes e professores de Cinema na Covilhã estão descontentes com a actual programação da RTP2. Uma secção importantíssima da audiência do canal, achamos nós, e que merece ser ouvida. Muito obrigado.

Manuel Mozos assina petição

Consagrado realizador português, autor de alguns dos mais importantes filmes nacionais dos últimos vinte anos - como "Xavier" e "...Quando Troveja" -, Manuel Mozos é o mais recente subscritor da nossa petição (n.º 372). Uma honra.

domingo, 12 de setembro de 2010

O que a RTP2 podia mostrar: Wiseman

Frederick Wiseman nunca tinha estreado comercialmente em Portugal até à poucas semanas, a RTP2 como entidade publica de qualidade (?) deveria acompanhar este acontecimento histórico na exibição do documentário em Portugal (de salientar que este ano já estrearam 6 documentários nacionais em sala e prevê-se a estreia de mais 2 [Lisboa Domiciliária e José & Pilar]) exibindo na sua grelha, filmes deste monstro do cinema.

Wiseman foi homenageado faz três anos no DocLisboa, tendo tido direito a uma retrospectiva integral; embora sabendo que a sua obra não é a mais indicada a passar em televisão, devido à duração de cada filme, no entanto nem todos os  seus filmes têm uma duração de 358 minutos, como Near Death, filmes como o primeiro High School (1968), Hospital (1970), Titcut Follies (1967), Manoeuvre (1979) e Missile (1987) têm todos com menos de duas horas (alguns foram mesmo feitos para televisão) o que permitiria preencher uma semana de 5 noites 5 filmes [estou à espera].

Deixo o trailer de La Danse (que esteve presente o ano passado em Veneza na secção Orizzonti), que está correntemente em exibição comercial e que muito se aconselha. De lembrar ainda que no próximo DocLisboa, que está para breve, Wiseman apresentará o seu último filme - Boxing  Gym - que esteve presente no último festival de Cannes onde foi louvado por toda a crítica.


Ricardo Vieira Lisboa

Isilda Sanches subscreve a nossa iniciativa

Locutora e coordenadora da rádio Oxigénio, também jornalista do Expresso, Isilda Sanches é um dos nossos mais recentes subscritores (n.º 303). Obrigado pela resposta positiva.

Alice Vieira assina petição


Uma personalidade que dispensa apresentações. É jornalista, mas é, antes de tudo, uma das mais apreciadas escritoras portuguesas da literatura infanto-juvenil. Dos vários prémios que recebeu, destaca-se o Grande Prémio Gulbenkian pelo conjunto da sua obra. É com vivo entusiasmo que registamos o seu apoio (subscrição número 344).

O que a RTP2 podia mostrar: RR

“Oh Miguel, isso são dois cineastas muito conhecidos, já vimos os clássicos deles, para quê estar agora a repeti-los?”, pensarão alguns, ao ler este post. A meu ver, porque ainda há muito que fazer na divulgação da obra destes dois senhores, sobretudo se se quiser ultrapassar as limitações do cânone.



Peguemos em Rosselini. A componente formativa, cinematográfica como cultural e histórica, seria completamente cumprida na programação de um ciclo dedicado aos telefilmes didáticos feitos pelo cineasta italiano. Sugestões: The rise of Louis XIV (1966), Socrates (1971), Blaise Pascal (1972), The Age of the Medici (1973) e Cartesius (1974), apenas para citar cinco. Seria uma boa semana.



Quanto a Renoir, passemos apenas aos filmes, sem mais intróitos: La Nuit du Carrefour (1932), Le Crime du Monsieur Lange (1936), Les Bas Fonds (1936), Swamp Water (1941) ou The Southerner (1945) são filmes pouco vistos, que apenas ganhariam com uma passagem em televisão.

sábado, 11 de setembro de 2010

Lauro António subscreve a petição


Lauro António, crítico, cineasta e importantíssimo empreendedor da educação de Cinema em Portugal, nasceu em Lisboa, a 18 de Agosto de 1942. Além de ter dirigido vários Cineclubes, revistas e Festivais de Cinema, exerce a crítica cinematográfica, regularmente, nomeadamente no seu blogue.

Nos anos 90, associado à TVI, conduz o programa "Lauro António Apresenta", que marca e forma muitos cinéfilos. Actualmente, promove um ciclo dedicado a grandes cineastas, no Porto, com enorme sucesso. Lauro António diz que sim à nossa causa (subscrição nº 311). Um muito obrigado.

O que a RTP 2 podia mostrar: Haanstra

A minha sugestão de um ciclo na RTP 2 vai para a cinematografia de Bert Haanstra, aquele que seria provavelmente o maior nome do documentário holandês não fosse o notável Joris Ivens. Haanstra é conhecido pelo seu olhar irónico e comparativo sobre a realidade, tendo a sua carreira começado a obter notoriedade internacional com a curta "Spiegel van Holland", com a qual venceu o Grande Prémio De Curta Metragem em 51 no Festival de Cannes. Da sua longa carreira, trinta cinco filmes, destaque para a ficção "Fanfare" (1958), uma comédia de costumes passada numa pequena vila holandesa, filme que permanece hoje como a segunda ficção mais famosa daquele país atrás apenas de "Turkish Delight" de Paul Verhoeven. Dos seus vários documentários destaque para "Stem van het water" (The Voice of the Water) sobre o povo holandês e "Bij de beesten af" (Ape and Super-Ape), no qual estabelece interessante comparação visual entre o comportamento humano e animal.

Talvez a história mais interessante da sua carreira se encontre na sua curta-metragem documental "Glas", filme que se deixa aqui como aperitivo. A dita história conta-se em poucas palavras. Tendo sido contratado para fazer um documentário institucional sobre a indústria vidreira, Haanstra teve aquilo que se chama um momento de sorte/azar. Num dos planos em que mostrava a linha de montagem de garrafas de vidro a serem confeccionadas e transportadas, uma das pinças da fábrica quebra uma das garrafas. Segue-se uma interrupção na linha de montagem com as garrafas a serem partidas. Naturalmente este era um daqueles acontecimentos que convinha não serem mostrados num documentário que se propunha louvar a dita indústria. Bert Haanstra não se opôs à não utilização do dito plano, entregando uma versão “limpa” de incidentes. Em troca pediu apenas aos responsáveis autorização para utilizar este e outros planos para um filme só dele. Perante a anuência dos responsáveis, Bert montou então uma versão sua com o dito plano das garrafas a serem partidas e juntou uma interessantíssima banda sonora jazzistica de contraposição, reforço das actividades manuais e fabris dos vidreiros. O resultado foi "Glas" que viria a ser submetido à 60º edição dos Óscares. O resultado, claro, foi inesperado, tornando-se esta singela curta-metragem institucional no primeiro filme holandês de sempre a vencer um óscar da academia.


Carlos Natálio

O que a RTP2 podia mostrar: (Super) Mann

É um bocado como o défice: estou convencido que há mais vida para além do Monument Valley e John Ford no que ao western, género nobre do cinema clássico norte-americano, diz respeito. Anthony Mann é, quanto a mim, o maior dentro do género. Os westerns que filmou com actores como James Stewart e Gary Cooper falam-nos da construção de um país feita com base na violência mais bárbara - pouco "civizilada" ou "civilizadora" - contra os indígenas, mas, mais do que tudo, entre colonizadores. Sangue do mesmo sangue.

Esta espécie de visão fratricida da grande expedição norte-americana é a pedra de toque de muitos dos seus westerns, tal como um cenário anti-fordiano marcado pela vegetação mais pululante que os Estados Unidos têm para oferecer. Os seus filmes são como que um "cerco natural" (interior e exterior) que se vai apertando até ao clímax final.

Os duelos (familiares) e a violência das relações humanas (entre homens e de homens com mulheres) são imagens de marca de muitos dos seus filmes, destacando-se "The Naked Spur", "The Far Country", "The Man From Laramie", "Winchester 73", "The Furies" e "Man of the West". Para Godard, ele é o "Super Mann", Rosenbaum apelida-o de "Mann of the West". Merecia um ciclo "a sério" na RTP2? Merecia, claro.

Excerto de "The Naked Spur" (1953)

Luís Mendonça

300!

UM GIGANTESCO OBRIGADO A TODOS!

O TRABALHO AINDA ESTÁ A COMEÇAR! PASSEM A PALAVRA!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Comentários dos signatários (II)

Os nossos subscritores - já mais de 280! - têm deixado comentários cada vez mais certeiros, espelhando rigorosamente o sentimento que nos levou a embarcar nesta luta.

Destacamos aqui mais alguns destes comentários.

Maria do Carmo Mendes Carrapato Rosado Fernandes: As pessoas estão a "desaprender" de ver cinema, e isso não é bom...que regressem os ciclos de cinema, que regressem os bons filmes nos anos 30/40/50 do seculo passado, que regresse o cinema americano, japonês, europeu, que regres, se faz favor. Obrigada

luis j santos: É um crime de lesa-pátria (e, provavelmente, não só) não existir na RTP uma programação de cinema respeitadora do serviço público de televisão.

João Paulo Bento Ferrão Ferreira de Carvalho: Petição simples e objectiva. Penso que será de muito fácil implementação!

JORGE MANUEL DOS SANTOS PEREIRA MARQUÊS: Só neste paraíso político à beira-mar plantado é que se tem de pedir e justificar o óbvio,o justo,os direitos e o razoável...

Artur Eduardo Jorge Neves: Tanta da minha formação cinéfila se deve aos filmes que vi e gravei na RTP2...

ANTONIO GUILHERME SANTOS PINHEIRO XAVIER: A RTP 1 ou 2 foi, é, e deve ser um local pivilegiado de visionamento de todo o bom cinema

Bruno Miguel Valente Martins: Indispensável na formação de um país que se quer a crescer!

António José Almeida de Sousa: Porque o cinema é um bem publico.

Rogério Armando da Rocha Monteiro: As emissoras nacionais não estão de acordo com a real identidade Portuguesa, exceptuando-se a RTP2, as outras fomentam o analfabetismo gratuitamente! Cordias comprimentos. Rogério.

Pedro Barroso: Em nome da inteligência.

Continuem a deixar comentáiros, mas acima de tudo não se esqueçam de assinar!

João Milagre subscreve petição


Sem dúvida um dos brilhantes professores da nova geração de formadores na área de cinema em Portugal, actualmente a leccionar na Escola Superior de Teatro e Cinema, João Milagre junta-se, para nosso regozijo, à petição por uma Programação de Cinema de melhor qualidade na RTP2.

Depois de uma prolífica carreira como assistente de realização, tendo trabalhado com cineastas como Manoel de Oliveira, José Fonseca e Costa, Billy August, Patrice Chéreau ou Luís Fonseca, João Milagre coordena actualmente disciplinas ligadas ao argumento e produção. É com enorme prazer que recebemos o seu apoio.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vasco Pimentel apoia a nossa causa

A pergunta não é em que filmes Vasco Pimentel trabalhou, mas sim quais aqueles em que não trabalhou. Trata-se do maior engenheiro de som da história do cinema português, cara que ficou mais conhecida depois da sua (divertidíssima) participação em "Aquele Querido Mês de Agosto" de Miguel Gomes. Foi, precisamente, técnico de som do filme e do filme dentro do filme... Obrigado pela sua subscrição (n.º 209).

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O que a RTP2 podia mostrar: Shepitko

Foi a maior descoberta que fiz nos últimos anos. Chama-se Larisa Shepitko, nasceu na Ucrânia comunista e faleceu precocemente num desastre de viação tinha ela apenas 41 anos. Aleksandr Dovzhenko foi o seu grande mestre e Elem Klimov seu marido.

Das poucas longas-metragens que realizou, contam-se duas obras-primas monumentais.

A primeira que me deixou abismado foi "Wings" (1966), um drama "antonioniano" centrado numa reitora de um liceu e no modo como esta lida com as nebulosas memórias da Segunda Guerra, onde lutou como piloto do exército soviético. O cenário é uma sociedade moralmente derrotada - que ousadia uma mulher fazer tal statement debaixo de um regime tão cerrado! Quando fecha os olhos, nos intervalos do emprego enfadonho, este pássaro ferido sonha acordado com os voos do passado (ver excerto abaixo).

A outra obra-prima da sua autoria que me chegou aos olhos foi "The Ascent" (1977). Trata-se, quanto a mim, de um dos mais violentos retratos da Segunda Guerra e do horror nazi. É um filme com militares - não propriamente um clássico "filme de guerra" - que se interroga filosoficamente, mas sem enjeitar um certo misticismo crístico, sobre a origem do Mal. "Filme com militares"? Não, corrijo:  "filme com Homens".

Quem quiser ver e tem dinheiro, é comprar esta magnífica caixa da Eclipse. Quem não tem, é esperar que alguém - um programador de televisão? - se lembre de devolver ao público o génio desta grande cineasta esquecida.


Excerto de "Krylya"/"Wings"  (1966)

Luís Mendonça