Quem nos subscreve

Jorge Mourinha (jornal Público): Esta insistência cívica de um grupo de pessoas que vêem algo de errado na política cultural da televisão e acham que vale a pena continuar a pugnar pelo seu objectivo explica muito bem que é este o público-alvo da RTP-2 que o canal teima em não servir como deve ser: atento, activo, interessado, fiel. Jorge Campos: o óbvio dispensa o comentário. Eduardo Paulo Rodriguês Ferreira: É um Canal do Estado. O Estado somos nós. Portanto nós exigimos uma programação. E mais, é caso para dizer: Eu pago para ver! João Mário Grilo (em entrevista ao JN): Foi na televisão que aprendi a ver cinema, com programas como "as noites de cinema". A televisão tem um papel muito importante num país onde os cinemas não estão a abrir, mas a fechar. É um direito das pessoas e um dever da televisão. Manuel Mozos (em entrevista): Há actualmente alguma programação de Cinema da RTP2? Inês de Medeiros (em entrevista ao JN): A uma petição que diz 'gostaríamos de mais' não se pode responder com contratos de concessão e tabelas mínimas. Concordo com mais cinema e penso que é importante terem atenção ao pedido, o que não quer dizer que a RTP2 não passe cinema. Paulo Ferrero (em entrevista): QUE HAJA CINEMA, do Mudo ao Digital. Vasco Baptista Marques (em entrevista): diria que a programação de cinema do segundo canal do Estado se destaca, sobretudo, pela sua inexistência. Alice Vieira (em entrevista ao JN): Para mim, cinema é no cinema, mas temos de pensar nas pessoas que estão longe do cinema por várias razões. E muitas vezes vejo-me a ir ao canal Memória para ver filmes e que aguentariam perfeitamente na Dois. A RTP2 deveria insistir mais no cinema e aí estaria a cumprir o seu papel. João Paulo Costa (em entrevista): Adoraria assistir ao regresso de uma rubrica do género "Cinco Noites, Cinco Filmes" que, há uns anos, me fez descobrir realizadores como Bergman ou Truffaut e crescer enquanto apreciador de cinema. Miguel Barata Pereira: Aprendi muito do que sei de cinema a ver a saudosa rubrica "5 noites, 5 filmes". João Milagre (em entrevista): é preciso aprender a amar. JORGE MANUEL DOS SANTOS PEREIRA MARQUÊS: Só neste paraíso político à beira-mar plantado é que se tem de pedir e justificar o óbvio,o justo,os direitos e o razoável... Eduardo Condorcet (em entrevista): Numa altura de crise é difícil compreender que a RTP2 não cumpra a sua função de serviço público, nomeadamente no que toca à produção audiovisual. LUIS PEDRO ROLIM RIBEIRO: JÁ ERA SEM TEMPO Fernando Cabral Martins (em entrevista): [A programação de cinema da RTP2] parece-me errática e é raro dar por ela. António Manuel Valente Lopes Vieira: A televisão é o cinema daqueles que não podem ir ao cinema. Que o cinema volte à televisão. Daniel Sampaio (em entrevista): A programação [de cinema da RTP2] caracteriza-se pela escassez e por não ter uma linha editorial, referente à escolha de filmes. Não se percebem os critérios de escolha. Maria Armanda Fernandes de Carvalho: e que o cinema mostrado seja do mundo e não só o chamado cinema comercial ou dos chamados autores consagrados. Deana Assunção Barroqueiro Pires Ribeiro: Cinema de qualidade é inprescindível em televisão José Perfeito Lopes: Como director do Cine Clube de Viseu, nos anos 73 a 77, vejo com mágoa o que estes senhoritos fizeram ao "canal 2". Manuel António Castro de Sousa Nogueira: Há muito e bom cinema à espera de ser exibido na RTP2, assim queiram os seus responsáveis que este canal seja efectivamente uma alternativa real à pobreza franciscana da programação dos restantes canais generalistas portugueses (incluindo, infelizmente, a RTP1). Marta Sofia Ribeiro de Morais Nunes: Como cresci a poder ter acesso ao melhor do cinema através da RTP2, quero continuar a poder crescer com ele. Maria do Carmo Mendes Carrapato Rosado Fernandes: As pessoas estão a "desaprender" de ver cinema, e isso não é bom...que regressem os ciclos de cinema, que regressem os bons filmes nos anos 30/40/50 do seculo passado, que regresse o cinema americano, japonês, europeu, que regres, se faz favor. Obrigada. Amadeu José Teixeira da Costa: Foi na RTP2 que vi cinema como nunca mais vi na minha vida. TODOS ESTES E OUTROS COMENTÁRIOS DOS NOSSOS SIGNATÁRIOS AQUI

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A Petição foi ouvida em Comissão Parlamentar

O Luís Mendonça e o Ricardo Lisboa escrevem sobre o encontro no passado dia 17 de Novembro, na Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação.

A Petição Cinema na RTP2 na Comissão para a Ética...: impressões por Luís Mendonça

mas - enfim - talvez por Ricardo Lisboa

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A Petição Cinema na RTP2 na Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação

Still de "Mr. Smith Goes to Washington" (1939) de Frank Capra

Dia 17 de Novembro (quinta), às 14h, eu, Luís Mendonça, e o meu colega Ricardo Lisboa vamos à Assembleia da República para sermos ouvidos numa audição Parlamentar no âmbito da Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação. Fazemo-lo em nome dos 2962 cidadãos que subscreveram a nossa petição.

Alguma inquietação que achem que devemos transmitir, têm este espaço para transmiti-la.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Debate Cinema na RTP2 4/4

Última parte do nosso debate marcada pela reacção do painel à intervenção de Jorge Wemans.

domingo, 3 de julho de 2011

Debate Cinema na RTP2 3/4

Terceira, e se calhar, para muitos, mais importante, parte do nosso debate, marcada pelas primeiras respostas do actual director da RTP2, o dr. Jorge Wemans.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Debate Cinema na RTP2 2/4

Esta segunda parte é marcada por intervenções do Professor Rui Cádima e do ex-Provedor do Telespectador, Paquete de Oliveira.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Debate Cinema na RTP2 1/4

Eis a primeira das quatro partes relativas ao debate Cinema na RTP2, que vamos publicando até 5 de Julho, dia em que fechamos a nossa petição. Esta primeira parte é marcada, essencialmente, por intervenções do moderador, do Ricardo Lisboa e pelas primeiras palavras proferidas pelo cineasta João Mário Grilo. A não perder.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Debate Cinema na RTP2: teaser já disponível

O debate Cinema na RTP2, que teve lugar na FCSH-UNL em 12 de Maio 2011, reuniu à mesma mesa o director da estação, Jorge Wemans, o ex-Provedor do Telespectador José Paquete de Oliveira, o cineasta João Mário Grilo, o Professor Francisco Rui Cádima e dois membros do grupo-redactor da Petição pelo Regresso da Exibição Regular de Cinema à RTP2, Ricardo Lisboa e Luís Mendonça (moderador).

Tema do debate: o actual estado da programação cultural da RTP2 no quadro do macroconceito de serviço público.

O debate, que estará, em breve, publicado na íntegra, nas suas quatro partes, pode ser entrevisto neste pequeno teaser de um minuto e meio.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

1%

Em 2008, a RTP2 emitiu “161 programas dentro do género filme/telefilme, o que representou 1,8% do total de programas emitidos”; em 2009, a quantidade de cinema exibida foi ainda mais baixa, num total de “196 programas, representando 1% do total de programação”.

Esta é parte da informação que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) enviou em resposta ao requerimento da Senhora Deputada Catarina Martins.


O debate é já na próxima quinta.

Daniel Marques responde às nossas questões

A poucos dias do debate Cinema na RTP2 - é já na próxima quinta -, temos o prazer de publicar as respostas de Daniel Marques às perguntas que temos colocado a todos os que seguem, com aprovação ou reprovação, esta causa. Pedimos a todos que sigam o exemplo do Daniel Marques e que façam ouvir a vossa opinião sobre o estado da programação do cinema no segundo canal ou, se preferirem, o estado da programação cultural em geral na televisão pública. As duas perguntas mantêm-se a todos os interessados. Enviem as respostas para peticaortp2@hotmail.com que nós publicamos e, a seu tempo, comprometemo-nos a fazer chegá-las aos responsáveis pela tutela da televisão pública.

Daniel Marques (Facebook)

1. Como avalia a actual programação de cinema da RTP2?

Para já, devo dizer que nem sou um especialista em cinema, nem venho do meio - e é por isso mesmo que posso falar à vontade sobre o tema. Não estou comprometido com nada ou ninguém, nem preciso de estar: o meu compromisso é com a cultura e comigo mesmo, e não há compromissos mais importantes que esses. Não me parece que, para ter uma opinião fundamentada sobre a programação da RTP2, tenha de ter este ou aquele diploma, ou ser amigo desta ou daquela pessoa. Para analisar bem um tema só são precisas duas coisas: primeiro, conhecer a realidade do tema que se trata; segundo, escolher as categorias de análise que mais poderão esclarecer o assunto.

Se queremos avaliar a programação de cinema da RTP2 temos de necessariamente estabelecer os critérios a utilizar na análise. A programação depende essencialmente de dois factores: um quantitativo, o número de filmes que são exibidos todas as semanas, e o outro qualitativo, que diz respeito à qualidade desses filmes. Quanto à quantidade, parece que não restam muitas dúvidas. É indiscutível que a RTP2 passava muitos mais filmes há uns anos atrás do que hoje. A este respeito basta dizer que a rubrica "5 Noites, 5 Filmes" praticamente desapareceu, o que faz com que a RTP2 passe hoje menos de metade dos filmes que habitualmente passava. (Se quisermos ser mais precisos, podemos dizer que, em média, passavam-se 7 filmes por semana, ou seja, 1 filme de segunda a sexta e 2 filmes no Sábado à noite, em sessão dupla. Feitas as contas, passámos portanto a ter uma exibição que equivale a 2/7 da programação original.) Isto significa que houve um claro retrocesso em termos de exibição de filmes.

O aspecto da qualidade dos filmes que passam é, contudo, muito mais discutível. Ao contrário daquilo que alguns críticos possam pensar, quantificar um filme de 0 a 5 é um disparate absurdo. Um filme é uma obra que só pode ser realmente compreendida se não for quantificada. A quantificação uniformiza, desvirtua e destrói a riqueza artística de um filme - e quem diz de um filme, diz também de um livro ou CD de música. Só uma apreciação subjectiva pode alcançar um entendimento global de um filme. Por outro lado, dizer que uma apreciação é necessariamente subjectiva não é o mesmo que dizer que ela não pode ter orientação nenhuma. A apreciação tem sempre, queiramos ou não, uma única orientação, e ela é a que o crítico adopta. Mas se o crítico não deixa bem claro quais são os seus critérios, ele cai facilmente em simplismos ou favoritismos bastante duvidosos. Por outro lado, a qualidade da programação de um canal não me parece proporcional à quantidade de filmes portugueses que são exibidos. A qualidade da programação também não depende exclusivamente da qualidade dos filmes exibidos, mas, sobretudo, dos critérios que se usam na escolha dos filmes e da maneira como eles são apresentados. Estes três aspectos têm de ser tomados em conta simultaneamente porque é da sua interligação que depende a qualidade da programação.

Para analisar a qualidade da programação seria necessário analisar cada um destes aspectos para uma grande quantidade dos filmes exibidos na RTP2, o que era impraticável aqui. Em vez disso, vou apenas dar algumas impressões subjectivas que, espero eu, vão clarificar o que penso. Primeiro, parece-me que a qualidade dos filmes que são exibidos não seja má. Por exemplo, há bocado estive a ver o filme "Welcome" (Philippe Lioret, 2009). Gostei. É um bom filme. E tão bons ou melhores que este podia citar vários outros. Portanto, não me parece que o problema esteja aí. Segundo, também não me parece que não haja critério na escolha dos filmes exibidos. Um exemplo rápido e elucidativo: lembro-me perfeitamente que, numa semana em que houve eleições, passaram dois filmes que reflectiam sobre o meandros da política na "Sessão Dupla". Portanto, ainda que o critério não seja inteiramente claro, isso não significa que ele não exista. Terceiro, também não me parece que seja terrível passar todo o tipo de filmes. Ou seja, a qualidade da programação não pode ser considerada má; o ponto importante, contudo, é que ela poderia ser muito melhor.

2. Que aspectos gostaria de ver mudados?

A programação de cinema da RTP2 pode ser melhorada de várias maneiras. Antes de mais, parece claro que restringir a programação de cinema a dois filmes em sessão dupla, no sábado, é algo que não faz sentido nenhum. Haverá alguma justificação válida para não se passarem mais filmes todas as semanas? Mas mesmo que só se pudessem exibir dois filmes, é perfeitamente possível reestruturar a programação no sentido de a melhorar. O principal problema da programação está na maneira como os filmes são apresentados. Não existe nenhuma contextualização do seu tema, nenhum acompanhamento teórico-estético, nenhuma informação sobre o autor ou sobre a obra, nenhum dado sobre a sua importância histórica. A ausência de um acompanhamento, acima de tudo pedagógico, vai contra a missão da RTP2 e contra os fundamentos do próprio estado republicano. A televisão pode e deve ser um meio de difusão da cultura e de instrução das pessoas, isto é, um órgão cultural que procura tornar público o acesso à cultura. Um excelente exemplo de um programa construído nestas bases é o programa "Grandes Livros", que dá a conhecer um livro por episódio, e procura compreendê-lo através da reconstituição histórica do contexto em que foi escrito. Este programa é a prova de como a cultura pode ser apresentada de uma forma interessante e acessível a todos, livre de academismos inúteis; na verdade, este programa faz mais pela cultura e literatura portuguesas do que os três currículos da disciplina de português do actual ensino secundário. A estrutura do "Grandes Livros" pode ser perfeitamente transposta para a análise de filmes, e nem sequer é preciso que os episódios tenham 50 min de duração. Mas se o problema for a falta de tempo, a verdade é que seria preferível passar um único filme na RTP2 durante a semana, devidamente enquadrado e contextualizado, do que dois, três ou sete filmes avulsos.

sábado, 16 de abril de 2011

Debate Cinema na RTP2 (re)agendado para 12 de Maio


Depois do cancelamento do debate do dia 5 de Abril, devido à morte trágica de um colega, temos agora a felicidade de convidar todos os interessados a virem assistir e participar no debate Cinema na RTP2, com as presenças do DR. JORGE WEMANS, director da RTP2, do DOUTOR PAQUETE DE OLIVEIRA, sociólogo e ex-Provedor do Telespectador RTP, e dos Professores Doutores JOÃO MÁRIO GRILO e FRANCISCO RUI CÁDIMA, bem como de dois representantes da Petição Pelo Regresso da Exibição Regular de Cinema.

O debate acontecerá dia 12 de Maio (uma quinta) na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Av. de Berna), auditório 2, piso 3, torre B (a principal), às 18h em ponto.

Confirmem a vossa presença na nossa página do Facebook.

Lutar pela preservação do cinema e sua memória, sempre!


Porque estamos sempre a favor do Cinema, penso que é lógico convidar todos os nossos leitores/subscritores a se solidarizarem com o movimento apartidário de espectadores da Cinemateca, que se presta a lutar pela restituição dos padrões de excelência que são apanágio dessa instituição.

Dia 28 de Abril é dia de manifestação, à porta da Cinemateca, contra todos os entraves burocráticos ao seu normal funcionamento.  

terça-feira, 5 de abril de 2011

Debate Cinema na RTP2 cancelado

A notícia da morte de um aluno em plena aula levou à suspensão de todas as actividades na faculdade, pelo que será impossível realizar o debate.


Não queremos, contudo, deixar de o fazer e, se possível, agora sim, com a presença do Dr. Jorge Wemans e/ou da Dra. Paula Moura Pinheiro.


Ficamos a aguardar a prometida disponibilidade de calendário da Direcção RTP2 para remarcarmos este nosso debate.


Pedimos a vossa compreensão.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O que a RTP2 podia mostrar: Campos , Erice, Zurlini e Bene


Acompanhando uma petição que vejo de crucial importância para a revitalização e formação dos novos públicos no cinema português, tenho visto este blogue, que desde o início a acompanha, a estabelecer paralelamente um caminho sólido de informação e de contextualização e, pela recolha da maior diversidade possível de testemunhos, justificando regularmente a pertinência da petição entre as várias posições.

Neste percurso, a validade das várias propostas acerca do que poderia ser mostrado pela RTP2, sempre me pareceu francamente propositada. É do meu dever fazer coro às vozes que clamam por Stroheim, Mozos, César Monteiro, Ozu, Costa, Rivette, Hsien, pelas fases televisivas de Fassbinder, Bergman, Godard ou Rossellini, e por aí fora....

E perante o estado reconhecível da selecção do canal, é-me difícil ser sucinta no acto de nomear autores que escapam à atenção da RTP2.

Parece-me que o cinema português deveria ser o primeiro interesse da programação do canal ainda que ( segundo tenha lido depois dos esclarecimentos obtidos pelos peticionários na primeira ida à Assembleia), não possa haver qualquer tipo de proteccionismo na lei da televisão a partir da entrada na comunidade europeia.

Julgo imperioso nomear de imediato a  importante e esquecida obra do documentarista António Campos (1922-1999), que deu em Portugal alguns dos primeiros passos na solidificação do filme etnográfico.  A sua filmografia, que vai do final da década de 1950 ao início da década de 1990,  num trabalho pouco reconhecido pelo público e maioritariamente auto-financiado, mantém-se circunscrita a exibições pontuais em contextos de festivais, e ausente a edições comerciais.

Parece-me fundamental sublinhar o nome do espanhol Víctor Erice, cuja filmografia, apesar de escassa, não deixa de ser de vital importância. Ainda que ficções,  filmes como “O Espírito da Colmeia” ou “O Sul” constituem-se como representações da história de Espanha, e do próprio percurso de Erice enquanto realizador, cujo método de trabalho se distingue pelos vários anos que espaçam os filmes.

Valerio Zurlini será, certamente, o mais poderoso dos realizadores italianos. Uma obra demarcada pelo intimismo distinto em que constrói personagens e transfigura os espaços à medida do seu traçado psicológico, encontra em filmes como “La prima notte di quiete” (Outono Escaldante) ou "Estate violenta" (Verão violento), eloquentes exemplos de uma mestria inesgotável, que merece receber uma atenção renovada.


O cinema de Carmelo Bene talvez seja, em Portugal, uma das facetas mais desconhecidas deste também dramaturgo, actor e encenador. A delirante energia que Bene transporta no seu cinema, resulta no fulgor de uma encenação única, alheia a princípios de realidade e perto de um patamar do histérico e do grotesco. Um cinema crítico e desconstrutivo, próximo em indisciplina do fôlego que foi permanente à obra de César Monteiro.


Extracto de "Nostra Signora dei Turchi" (1968) de Carmelo Bene

Sabrina Marques

quinta-feira, 17 de março de 2011

O que a RTP2 podia mostrar: Carné

Porque há mais cinema francês para além do repetitivo da Nouvelle Vague e dos Cahiers du Cinéma, e porque Marcel Carné é para mim a essência do cinema francês, uma RTP2 que se preze por exibir Cinema na sua forma mais pura deve exibir Carné, de preferência com Jean Gabin e Michèle Morgan, um par de actores de tal estirpe e empatia com o público que é incompreensível ver como as novas gerações de telespectadores se mantêm ignorantes de «Le Jour se Lève» ou «Quai des Brumes», por exemplo. Além do mais, quem nunca experimentou ser um de «Les Enfants du Paradis», lá do alto de um qualquer 2º balcão não sabe o que é ver Cinema num Cinema.



Paulo Ferrero

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Francisco Nascimento assina petição

O conhecido actor de cinema segue as pisadas do pai e torna-se, hoje, no assinante número 2785. Habitué nas longas-metragens de José Nascimento, o trabalho de Francisco Nascimento estende-se a muitas outras obras de relevo no cinema nacional e internacional, destacando-se colaborações importantes em filmes de Raoul Ruiz, João Canijo e João Mário Grilo. Mais uma unidade de peso na nossa lista de signatários.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Pedro Costa e os filmes na TV


I first saw it on TV, one Easter Sunday. I was nine or ten, sick in bed. It made my convalescence so much sweeter (just like the old Lubitsch touch). I also remember Chronique d’Anna Magdalena Bach by Huillet and Straub being aired on a Christmas Day! If you’re this lucky, you’re hooked for life (imagine watching these films on TV nowadays).

(o sublinhado a bold é nosso)

Pedro Costa sobre "Diary of a Country Priest" in Criterion Collection,

É dentro deste espírito que vamos hoje à Assembleia discutir a ausência de uma programação de Cinema no segundo canal estatal.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Reacções ao primeiro encontro na Assembleia

O resultado do encontro com a deputada Inês de Medeiros não nos deixou minimamente satisfeitos. Desde aí, marcámos com a deputada Catarina Martins do Bloco de Esquerda novo encontro na Assembleia, mas com a condição expressa de discutirmos soluções para o problema em vez de andarmos à volta com propostas vazias.

Regressaremos, então, na próxima terça à Assembleia por uma RTP2 renovada. Entretanto, tentaremos reunir um número suficiente de assinaturas para entrarmos, à força, no debate parlamentar. 4000 é o mínimo pedido por Lei. Assinem e divulguem!

Tornamos acessíveis aqui os links com as reacções do grupo-redactor.

O resultado de hoje é que "não há resultado" de Luís Mendonça (CINEdrio)

A petição foi ao parlamento... de Ricardo Lisboa (BREATH AWAY)

Petição (V) de João Palhares (CINE RESORT)

A petição chega às páginas do Expresso

No Actual de hoje, pode-se ler:


Agradecemos a atenção do jornalista António Loja Neves, nosso subscritor.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ida ao Parlamento: é hoje!

É já hoje que apresentaremos na Assembleia o resultado de cerca de 6 meses de trabalho, de cerca de 3000 participações vossas nesta causa. Um trabalho que apresentamos num documento, que inclui, entre outras coisas, propostas de solução.

Mais do que nunca, importa assinar! A petição continuará mais do que activa para os que ainda não assinaram!


Dossier Petição Cinema na RTP2

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ricardo Pereira: "faltam bons ciclos"

O actor Ricardo Pereira, excelente profissional e pessoa simpática, respondeu às nossas duas questões ainda a tempo de estas serem publicadas neste espaço. Um obrigado a ele.

Como avalia a actual programação de cinema da RTP2?
Acho que acima de tudo faltam bons ciclos de cinema com propostas alternativas, sinto tambem falta de espaços maiores, como por exemplo programas destinados a novos cineastas com entrevistas e exibição dos seus filmes.

Que aspectos gostaria de ver mudados?
Acho que a primeira resposta acaba por se estender também a segunda pergunta.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Margarida Gil assina petição

Margarida Gil, umas das poucas realizadoras portuguesas e sem dúvida uma das mais afamadas, foi a 2639º assinante da petição. Esta realizadora já viu filmes seus presentes em festivais internacionais como Veneza, Locarno e Roma, sendo que filmes seus são documentos importantes na história do cinema português: Relação Fiel e Verdadeira, Rosa Negra e mais recentemente Anjo da Guarda e Adriana. 
Foi casada com o gigante César Monteiro, colaborando em várias obras suas como actriz (Vai~e~Vem, Veredas e Que farei com esta espada?) ou como assistente de realização (Silvestre e Fragmentos de um Filme-Esmola: A Sagrada Família).  
Mas a sua presença na televisão foi sempre uma constante, realizando vários documentários, assim como episódios do Hermanias e do Filme da Minha Vida.
Ex-docente da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Margarida Gil é a actual presidenta da Associação Portuguesa de Realizadores.
A sua média metragem Perdida Mente estreou recentemente (na cinemateca) e Paixão é o seu nova longa, a estrear ainda este ano.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Beatriz Batarda junta-se à causa

Actriz maior do cinema português, melhor, do cinema europeu, com papéis notáveis em vários filmes recentes da produção nacional, destacando-se "Noite Escura" de João Canijo, "Quaresma" de José Álvaro Morais" e "Alice" de Marco Martins, Beatriz Batarda é a nossa mais recente assinante. Uma grande honra e uma grande prova do valor indiscutível desta iniciativa. Estamos no caminho certo, com as pessoas certas.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O que a RTP2 podia mostrar - Flynn

Voltamos! John Flynn é um desconhecido em Portugal; aliás, até no seu país de origem o é um bocado. Morreu em 2007 e foi recentemente lembrado e reavaliado pela revista FOCO. Entre as suas obras contam-se Rolling Thunder, tão bom como qualquer Peckinpah, que é residente e repetente na RTP2 há anos e anos (quantas vezes se exibiu o Wild Bunch no canal?), e Best Seller, uma pérola perdida no tempo, provavelmente a sua obra-prima. 

Artesão que vivia para os seus actores e para as suas personagens, Flynn realizou o único filme com o Steven Seagal que é suportável (Out for Justicee um dos melhores "veículos" de Stallone, Lock Up. Escondia-se humildemente atrás das câmaras como ninguém faz hoje, e olhar para um filme de Flynn é olhar também para o trabalho de actores, de directores de fotografia, de técnicos variados, é olhar para uma equipa que ganha vida e significado pelo amor que Flynn tinha à arte de filmar. Mise en scène é uma expressão já gasta, mas é precisamente isso.

Na ressaca das teorias do autor, Rivette e Godard sentiam-se defraudados e incompreendidos. Rivette disse até que queria passar a trabalhar a um nível de "apagamento do autor". Flynn é, parece-me, o epítome de tal expressão.


Trailer de Best Seller (1987)